sexta-feira, 6 de março de 2015

Coluna Família Educação - Por Olavo Oliveira - Administrador Escolar

Queridos leitores tive a felicidade de receber este texto, trabalho escolar, das mãos da própria autora, uma jovem de apenas 14 anos, linda, alegre e inteligente que eu conheci em uma das escolas que trabalhei. Acredito que o seu conteúdo ajudará a complementar a reflexão da mensagem da semana passada, “Pai seja o grande amigo do seu filho

EU TINHA MEDO DE ME ENVOLVER...
 NAQUELA VIDA MISERÁVEL...

Meu pai... Como sinto saudades do senhor! Você não pode imaginar o quanto eu ainda amo você. Às vezes fico pensando que poderíamos rir juntos, chorarmos juntos, sairmos e fazermos mil coisas de pai e filha. Puxa! Como o destino foi cruel para comigo...
A separação da mãe e do senhor foi um choque para mim. Hoje entendo que o senhor não iria mesmo suportar uma mulher que estragava sua vida se consumindo nas drogas. Você foi embora de nossas vidas e naqueles momentos difíceis me deixou só e muito triste.
Cresci, sempre convivendo com cenas terríveis que envolviam minha mãe drogada. Aos poucos, fui entendendo melhor aquela situação e me apavorava vendo que minha querida mãe, uma mulher trabalhadora, lutadora, que nos amava tanto se consumia cada dia nos caminhos desse vício tão prejudicial para a vida das pessoas.
“Eu tinha muito medo de me envolver naquela vida miserável de viciada que minha mãe levava”.
Deus, quantas coisas aconteceram em minha vida em tão pouco tempo! Quantas vezes, com apenas 7 anos de idade preferi morrer para não mais ver aquelas cenas tristes acontecendo com minha própria mãe. Nossa pequena casa sempre cheia de amigos de minha mãe que vinham atrás de drogas e ali mesmo, diante de mim e de meus pequenos irmãos, todos se drogavam!
Mas eu sempre acreditei que um dia o Deus que meus avós me ensinaram a amar, antes de morrerem, me ajudaria a sair daquela situação e faria com que eu tivesse a oportunidade de um dia mostrar para meus próprios pais que a minha vida apesar dos problemas e dos preconceitos que passei a enfrentar, poderia ser diferente. E... isso aconteceu! Quando completei 9 anos, minha mãe resolveu me entregar para uma família, que pela graça de Deus é uma família abençoada. Eu fui acolhida e pude viver o verdadeiro amor de uma mãe para com uma filha. Essa minha mãe adotiva dedicou-me o amor e o carinho que minha verdadeira mãe não teve tempo para me dar.
Pouco depois fui adotada definitivamente e fiquei muito contente, pois sabia que a partir dali eu estaria nascendo para ser feliz no seio de uma verdadeira família. Logo fui para a escola e meus pais adotivos tiveram tempo para me ouvir, entender minhas falhas e me corrigir, de serem meus amigos, além de me proporcionarem todo o amor e carinho que eu sempre desejei.
Uma coisa ainda me incomoda... Onde estará minha mãe nesse mundo das drogas? Soube recentemente que se encontrava internada em uma clinica para recuperação de drogados em Curitiba. Hoje estou com 14 anos e confesso que devo agradecer muito minha mãe biológica, pois apesar de tudo, teve um momento de lucidez e me entregou para uma família digna e maravilhosa que eu aprendi a amar demais.
Olha apesar de tudo o que passei, hoje sou feliz e jamais esquecerei de vocês meus queridos e verdadeiros pais, embora, não saiba onde encontrá-los.
Gostaria de gritar muito alto pra que todo o mundo pudesse me ouvir e dizer que é maravilhoso ter uma família, mesmo que adotiva, mas que te ame de verdade!...



Que Deus Pai os abençoe e guarde em todos os dias de suas vidas queridas famílias!